Quem sova basto e cavalo conhece bem o perigo
Se por destino ou castigo a volta às vezes se enfeia
Esporas, mango, maneia, são armas de utilidade
Quando sem necessidade um beiçudo se aporreia
O mulato Jovelino ainda parava no basto
Embora um tanto já gasto das "doma" e da lida dura
Mas sustentava a figura de campeiro e ginetaço
Que nas chilenas de aço fez nome nessas planuras
A colorada cabana gostava de picardia
"Cangava" quando queria pra "exprimentá" o vivente
Muito metido a valente pagou vale à reservada
E foi ficando encruada sem fazer causo de gente
Um dia os dois se toparam no clarão de uma pegada
Quando formou a eguada o paysano embuçalava...
Depois... tranqüilo encilhava descrente da sorte ingrata
Um diabo de quatro patas numa maneia de trava
"A colorada é veiaca...!" Sentenciou o capataz
Quando a bruta assim no más se revoltou com o mulato
E se abaralhou de fato coiceando nas "barriguera"
Mas se enredou na soiteira e nas puas de um carrapato
Batendo os quatro caneco se destrinchava na volta
Então um lóro se solta quando "rebenta" a encimeira
Mas a espora mordedeira abrindo toca se engancha
Meio que a maula se prancha e o negro apruma a carreira
De mau jeito forcejava como nunca imaginado
Pendia o corpo pra um lado no instinto se acomodava
E num pé só se estrivava pra não perder o careio
Se equilibrava no reio e co´a outra pata esporeava
E a égua se destorcia blandeando rente do chão
Um índio de tradição não é assim que se saca
Mas o negro abre as estaca cruza a perna e sai correndo
E susurra se benzendo: "-Que colorada veiaca!"