Meu velho Uruguai lendario
dos meus tempos de guri,
de piavas, vogas, dourados,
arraias e lambaris.
Solito em distância larga
desgarrado de teu leito
saudade se fez amarga
nas barrancas de meu peito.
Deixei de ser quem eu era
partindo em busca do amor
mas ficou na linha de espera
meus sonhos de pescador.
Quando gritar a saudade
me pedindo pra voltar
vou ser guri novamente
para em tuas águas nadar.
Sem o fruto de tuas águas
sem balsa, sem contrabando
na correnteza das mágoas
no rio da incerteza eu ando.
As minhas melenas brancas
eu sei que o tempo trará
mas ei de encontar nas barrancas
os meus segredos de piá.
Então, no rumo dos ventos
meu pensamento se vai
a suplicar, num lamento,
meu velho rio Uruguai.
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