Saudade não se enfrena
É ela que enfrena a gente
Vai nos levando a passito
Pra derrubar lá na frente
Saudade aperta o bocal
Que nem arrocinador
Monta, cravando as esporas
Num coração sofredor
(Saudade a gente só mata
Voltando à velha querência
E assim nos livramos dela
Até o fim da existência)
Saudade fica rondando
As ondas do pensamento
Se aprochega sorrateira
No derradeiro momento
Sem ter pena do vivente
Se aloja no coração
Causa tristeza profunda
Que termina em depressão
(Saudade a gente só mata
Voltando à velha querência
E assim nos livramos dela
Até o fim da existência)
Saudade sabe rastrear
Que nem cão farejador
Não adianta se esconder
Na cidade ou no interior
E quando ela resolve
Judiar da vida do peão
Vai sufocar dia e noite
Nas horas de solidão
(Saudade a gente só mata
Voltando à velha querência
E assim nos livramos dela
Até o fim da existência)