Mãe, os anos se passam
E ainda sinto a sua fala
Ainda ouço os seus gritos naquele hospital
E isso ainda me deixa mal
Ai mãe eu não quero pensar
Na falta que me faz quando começo a sonhar
A viajar nos momentos antigos
Que foram vividos no bairro de Zizo
Mesmo crescido pra senhora sempre fui aquele menino
Procurando por carinho sozinho, a sonhar
Mãe, eu sei a senhora está num bom lugar
A me guiar. Como um pivete
Sei que não sou moleque mas esquece
Cresci, vivi e adquiri alguns problemas
Sendo perseguido por ser de Taenga
Mas não esquenta não vou à novena e sou devoto a senhora
Santa de pele escura, quem merece que eu ponha juízo na cachola
Foi foda dona Dora quando a senhora foi se embora
Eu so fri
Chorei e sorri
Quando a vi
Quando a vi parti
Ai mãe ainda sinto a sua falta
Que sensação maluca sensação que maltrata
Quantas parada que eu queria ter dito
Faltou o “eu te amo”, “és espelho pro seu filho”
E não falo isso de brincadeira
Queria me vingar pelos dias sem feira
Que injustamente tivemos que passar
Odiava ver a senhora lavar
Roupas de playboy e cá pra nós
Isso só me deixou cada vez mais feroz
Num simples olhar eu já entendia
O que uma palavra não me dizia
Eu, o que de bom fazia era só pelo motivo
De vê-la sentindo orgulho do seu filho
Te ver partindo foi difícil, foi um inferno
Coração se soltou, gritou: “Amor eterno!”
Eu so fri
Chorei e sorri
Quando a vi
Quando a vi parti
Mãe, os anos se passam
E ainda sinto a sua fala
Ainda ouço os seus gritos naquele hospital
E isso ainda me deixa mal