Nasceu numa cabana, longe das esquinas
De uma cidade que já era bem pequena
Nem mesmo assim deixaram de tê-la por perto
Toda sua dor já conhecia um rumo certo
Nem mesmo os sonhos a deixavam em paz
Todo o remédio que lhe davam, já não satisfaz
Tentava ser como os outros, apenas mais um
Mas sua cabeça tava fora do Senso-Comum
Só falei o que pensei ao seu respeito (eu só não sei se foi direito)
Falei o que pensei ao seu respeito
Matava aula para ver outras meninas
Usava tudo que afetasse a consciência
Enfiava o dedo só pra ver se dava choque
Não via nada na TV que desse IBOPE
Usava sempre um belo fio-dental
Nos finos lábios entre-abertos um veneno letal
Unhas vermelhas tipo sangue sem chamar atenção
Rasgavam tudo o que passasse por entre suas mãos
Só falei o que pensei ao seu respeito (eu só não sei se foi direito)
Falei o que pensei ao seu respeito
Perdida e quieta no escuro do seu quarto
Ela pensava em tudo o quanto tinha feito
Sozinha achava não precisar de mais nada
Só não sabia se assim tava direito
Ela me disse que isso tudo era bobagem
Que ninguém mesmo tinha nada a ver com isso
Dizia ainda que isso tudo era mentira
E que não dependia mais de ninguém
Só falei o que pensei ao seu respeito (eu só não sei se foi direito)
Falei o que pensei ao seu respeito