Viram o quanto posso ser bom
Não o quanto posso ser mau
Toda perda, uma hora, se torna essencial
Cada escritor carrega consigo o seu próprio inferno
Me sinto num manicômio enquanto faço esses versos
Um vira-lata fugitivo que constrói seu canil
Veja bem, quase ninguém é bem vindo no meu covil
Não me socializo, nem faço média, posso lhe garantir
E, nisso, às vezes é melhor nem arriscar intervir
De fato um fruto do surto e mesmo assim eu reluto
Mas esses quadros ainda me instruem a todo minuto
Desfruto reviravoltas, botando o mundo em xeque
Preencho o meu vazio conforme lanço essas tracks
Contendo minha escuridão mesmo com a luz ofuscada
Foda é manter a paz tendo sua fé sempre testada
E o único ser confiável ainda é você
Com vários ao redor torcendo pra tu se perder
Tô puto com vários motivos
De ideia torta, me esquivo
Meu descaso tem me tornado bem mais produtivo
Minha cota de amor, uma pena, já acabou
Agora meu objetivo é apenas tacar o terror
O acúmulo do meu rancor é uma faca de dois gumes
Preso na minha armadilha e tentando sair imune
Se me conheceu há um tempo atrás
Não me reconhece hoje
A dor me preparou pra esse ambiente podre
Pronto pra foder com tudo sem pensar no depois
Dos que já tiveram do meu lado, mal restaram dois
Com tantos infortúnios, foi impossível não mudar
Deixar de lado é algo que não vai mais funcionar
Até hoje, ainda permaneço sendo um enigma
E a chance de resolver continua sendo mínima
Perceptivo ao ponto de ser prejudicado
Em certos casos, é melhor manter-se desligado
O lado de fora da caverna não
É tão perfeito quanto pensam
E vejo como a ignorância realmente é uma bênção
A sociedade cria monstros que não consegue lidar
E eu te desafio a viver por um dia no meu lugar