Quanta saudade pode pé é verdade
Paro e penso naquele tempo no fim da tarde
Sentados na praça só no sorvete de chocolate
Recostada no meu peito sorrindo com minhas bobagens
Me chamando de pretin e eu ai te minha nega
Você dando chilique em eu olhar pras outras pretas
E eu pondo no repeat filha deixa de ser beste
Que sou doidin por você dos pés à cabeça
Observava as crianças no parquinho
Ficávamos disputando pra escolher menina ou menino
Sonho de quantos filhos e quantos cachorro teríamos
Impressionante é que cê ganhava o jogo
Assim como me ganhou de primeira
Desde que eu te vi pensei sozinho na moral me teja
E cê me permitiu realizar o meu desejo e meu único
Desejo de verdade era que
Eu queria ser, um bem pra você
Alem da vibe que cê me passava tinha outro motivo
Para aquela calma e felicidade que eu tava sentindo
No dia anterior no trampo fui promovido
E parecia que nossa historia tava no inicio
Te falei, você sorriu, chorou de felicidade
Disse que só falta emprego porque na verdade
Tinha um filho no seu ventre, fruto do nosso amor
Cê havia descoberto na semana anterior
Obrigado senhor, disse com o olho lacrimejando
E falei, não se preocupe filha porque enquanto
Eu tiver vivo cê vai ter tudo que desejar
Nossa historia de vitoria tá só pra começar
Vai la, compra um sorvete que é pra nós comemorar
Já to com desejo então comece a me mimar
Você dizia fazendo sua cara de criança e desse jeito
Eu só pensava no meu desejo de que
Eu queria ser um bem pra você
Mal que me fez o final daquele dia
Maldita praça maldito ladrão e companhia
Deixei só dois minutos ela sozinha
Usando o boné que eu consegui na rinha
Policia nem tava ali pra proteger minha rainha
Parece que tudo conspirava pra minha ruína
Pena que eu não via eu tava na barraquinha
Comprando o sorvete de chocolate que você tanto queria
Pena que eu não ouvia seu pedido de socorro
Pena que a fila tava grande isso atrasou meu retorno
Pena eu sinto mesmo de tudo o que aconteceu
Só não sinto pena de mim porque o culpado fui eu
Quando voltei mal consegui segurar o sorvete
Minhas mãos tremiam muito mais que vara verde
Corri tropeçando quase fui por cima de você
Tu tava fria e tossia forte eu tentava te aquecer
Te abracei te carreguei corri pro hospital
Ensanguentada toda porra você tava mal
Todo mundo olhava mas ninguém dava uma ajuda
Na real pra mim foi tudo um bando de filha da p
Chegando no hospital você tava sem pulso
Quem prometeu de proteger no momento teve um surto
Brigou, gritou, xingou com tudo e com todos
Nenhum documentário mostraria animal mais raivoso
Hoje escrevo isso com uma arma na mão
Suicídio ultimamente se tornou a ultima opção
Sei que é pecado sim mas eu vou fazer
Posso até ir pro inferno mas preciso encontrar você