Dilei - Febre do Andante Songtexte

A imagem de casa refletida nos céus
E uma saudade incessante
Ardendo em meus olhos.
Impertinente chuva
Escorrendo em minha face.
Abrigos são tantos,
Irmãos são muitos,
Mas a saudade continua a rasgar meu peito.
Transborda a enchente
Que torna um homem menino outra vez.
E o choro é partilhado com a terra,
Com os ventos e a ensolarada manhã
De um dia de andanças.
Onde deus escreveu um recado pra mim?
Ainda ontem eu vagava
Em terras que não conhecia,
Mas de alguma forma consegui enxergar
As pegadas de meus antepassados.
Meu limite é justamente a fraqueza
De ser humano.
Quem mais irá perceber
Que o mundo não nos pertence?
Quem vai explicar a saudade
De um povo que não conheci?
Os olhos que ganhei
Me tornaram um criador,
Mas ainda procuro sentidos.
Com a saudade dilacerando o coração
Tornei real o universo
Que só existia em mim.
Enxergo a alma do povo
Que me ensinou sobre a vida,
Chorar de alegria a saudade que eu deixei.
Encontro e perco a paz que busco
Seguindo vestígios soltos no tempo.
As cores vão alimentando meu espírito
Enquanto o choro contido vira poesia
Entregue ao ar
Dos quatro cantos que percorri.
E o sopro do mar avisa-me do perigo
Que há em se prender
Somente as lembranças.
E percebo que a saudade é o meu quinhão.
É ela a minha companheira eterna
Por onde quer que meus pés pisem,
Saltem ou desequilibrem.
Ela é parte de mim.
E é por ela que a dor de deixar para trás
Enfeita a vida sem causar-me ferida.
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