A vida vira o dia com nada nas mãos
Carros passam alheios
Latas nas narinas, penetram as veias
Pés descalços revirando o lixo
Esperança quase já não há
Perseguindo seu suicídio
Acreditando que um dia vai mudar
Sua mente voa entre os urubus
Sua vida escoa em seu corpo nu
Não existe o dia, é tudo escuridão
Vive inconformado com sua própria solidão
Ver-o-peso, condor, feira do açaí
Mercado de são Braz, doca, benguí
Tudo está tão podre, já não agüento mais
O lixão do aurá entre os animais
Vagamundo, vagamundo...
Pés descalços...
Vagamundo, vagamundo
Não consegue nem morrer
Vagamundo, vagamundo
Nem pra isso o lixo serve