Noite passada eu conheci um antepassado
Que era desconhecido até recusar um cigarro
Eu fiquei meio estarrecido, desacostumei com isso
Tinha até semelhança, mas seilá
To confundindo, o assunto seguiu fluindo
E quanto mais eu escutava, mas parecia ter ouvido
Falava sobre seus sonhos ainda não realizados
E que nada nem ninguém o impediria de alcançá-los
No fundo eu até concordava, mas soava inocente
Pra não ser indelicado era muito deprimente
E ele nem se importou com isso
Falou que ia mostrar serviço
E o talento que faltava, supria com compromisso
Coitado mano, esse moleque ta perdido
Drogas e corpos
Ratas e porcos
Novo demais pra tomar porre pra ele é agua no copo
E a primeira atração já entrou
De repente seu foco mudou
O moleque era atento em cada momento, cada movimento ele se atentou
O que me fez recordar do rapista
São 5 conto pra cantar se teu nome consta na lista
Respeito todo sucesso efêmero
Mas se não tem uma história dessa, não sabe o que ta fazendo
Cadê sua maldade moleque?
Se liga não é bem o que parece
Suas contas tão pra chegar e tá foda viver de rap
Se tu for da panela, é a panela que te aquece
Se não for é frigideira que te expulsa do teu cep
E eu falei, falei, mas o menor nem deu ouvido
Depois da merda toda diz quererum som comigo
A essa altura eu ja tinha me ligado
Não era ele, era eu e esse era o meu passado
E eu
Peço licença pra quem me pede a bença
Nessa vida uma setença, te define e te resume
Eu vim passar pouco panos, na mesa com poucos planos
Na pista com poucos manos, somos banho e não perfume
A vida é muito mais do que se comprometer
De que vale um trabalho sem rendimento
E nesse campo, com rosa, mato e folhas
Tu que sol pra prosperar ou quer sombra pra se esconder?
Licença pra tu ver que é pra ganhar
Os patrão segue de invicta, ta na lama eu vi que ta
Vem tentar
Que meu flow te pegue pra mostrar
Que projeto aqui só anda se sua alma tá entregue
Salve quinto andar!
Se liga que eu vim pra mostrar que o bonde ta mec
Boombap veio pra firmar em era de trap
Colei nas track chefe, card tomando de assalto
Direto da 134, eu permaneço, mesmo cep
Não vim pra dar moral pra vagabunda nem doutor
Não vim gasta meu flow com mc nem falador
Não vim pra ser mais um, outro mc comum
Que fala grosso e olha feio só pra tentar se impor
E poupe-me do seu pudor, ou melhor do seu fedor
Some, minhas rimas vão explodir microfones
Papo sujeito homem, o que eu escrevo, o que eu devo
O que eu fumo, o que eu bebo isso carrego com meu nome
E da licença, (da da) que ninguém tem nada com isso
Meu excesso de bom senso ou minha falta de juizo
Me trouxeram até aqui, se eu vou falhar
Se eu vou subir, foda-se
Não foi por tua causa que eu consegui
Falando em causa, eu ja to bem farto da nossa
Então cala a boca e para, tamo a um passo da foça
Negão, falaram que rap, é droga back, bunda bronca
Xota e cheque, mas parece que esqueceram de cóe da missão
Rap não é bronca, bronca não é ser valente
Ser valente não ser foda e foda não é quem come mais gente
E ouvinte não é quem aplaude, é quem entende
Que mc aqui não tem que ter presença, tem que tá presente
E isso eu aprendi, a cada flow que eu conheci
A cada som novo que ouvi,a cada free fazia
Quando eu rimava todo mundo me ouvia
Que o que passava não era só o que eu dizia
Era bem mais o que eu sentia, algo que nada explicaria
Era um dom, caneta e mão tudo em plena sintonia
Que o coração chama a razão e que se eu tenho informação
Aquele tal de flow aconteceria
Segura a bronca e pega minha visão chefia
Fumar cone e ser da crew não te faz ser diretoria
Respeite o rap rj, o card é cria
Também sei fazer rap pra dançar, mas esse é o que te arrepia
Pia que o papo é um só igual o caminho do marechal
Que o lado gold da costa também se inspirou em shaw
Que rap bom deixa mudo
Bk não é só x-tudo
E fazem clássicos como haikaiss ou non ducor duco
E sobrevivendo no inferno eu ando entre ruas vazias
Onde rap é um prédio de 1000 andar
E eu tive que descer pro subsolo pra enxergar
Que o topo não veste ouro, e há 15 anos, o topo
É o quinto andar
Sobrevivemos no inferno andando em ruas vazias