Eu nasci num fundão de campanha
Mas conservo o Rio Grande no peito
Meu café foi um trago de canha
E eu cresci meio de qualquer jeito
O meu canto é marca e sinal
E as minhas rimas é tinido de espora
Corcoveando, escapei do bucal
E me sortei pra viver mundo afora
Gineteio no lombo do verso
Distribuindo carinho pro povo
E o meu teto é o próprio universo
Desgarrado, eu fui desde novo
Sou bagual sem estrevaria
No Rio Grande eu relincho sem medo
Se os arreio me for pras viria
Corcoveia extraviando o carquedo
O Rio Grande é meu acampamento
E eu me sento no próprio tição
Onde escrevo versos de talento
No costado de um fogo de chão
Eu levanto as quatro da manhã
Pego o chão pisando no orvaio
Os cabelos puro picumã
E os pé branco de cinza e borraio.
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