Espero o dia como um crente espera
A volta daquele que nunca existiu
Beijo seu rosto como um apaixonado
Crê ter encontrado o sentido do amor
Abro a janela como um preso abre
As pernas daquela que há muito não vê
Me deito na cama como um doente são
À espera da morte que nunca vem
Leio um livro como um passageiro
Sentado no trem, fingindo existir
Canto pra mim como um louco canta
No palco da rua uma canção de dormir
Penso comigo como um filósofo
Repensa a vida no aforismo final
Cai do meu rosto uma lágrima
Tão doce e barata como um vinho ruim
Mas não é tão triste assim
É só o amor chegando no fim