Eu trago a minha boca sangrando
Pelos cantos da boca os planos
Que a língua amortece
Devolvo de novo a esperança
Em carne viva e pujança
Que não enfraquece
Não espero o dia clarear
Antes que eu possa errar
Eu mudo meus versos
Quero a certeza de novo
Dentre os sábios um tolo
Que não quer o resto
Posso passar sem ser percebido
Deixo para traz as suas costas
Posso voar e ser atingido, mas voar
Eu trago na mão a bandeira
Na faixa branca o engano
Que todos conhecem
Não Peço licença e avanço
Pelas estradas e campos
Ao ranger dos balanços
Não espero a grama secar
Antes de a garganta falhar
Eu grito de novo
Chuto o velho rei do trono
O dono do abandono
Da voz do povo
Posso passar sem ser percebido
Deixo para traz as suas costas
Posso voar e ser atingido, mas voar
Recolho a sua comida podre
Repolho e algodão-doce
Da mão que te serve
Lavo as ruas com creolina
Despejo da sua latrina
O que você merece
Não deixo a mão atrofiar
Antes de o dedo embolar
Eu aponto de novo
Quero os olhos abertos
O inimigo por perto
E os amigos cobertos
Posso passar sem ser percebido
Deixo para traz as suas costas
Posso voar e ser atingido, mas voar