Olhar pra trás já não dá mais agora eu tenho que continuar
Só uma pergunta, quem se dispõe a me ajudar?
Ninguém né? Eu já sabia sempre foi assim
Desde moleque lá no canto era o rejeitadin
Subia o morro sozinho, e acendia uma vela
E fiquei tipo duas hora olhando pra favela
A vista é bela, minha mente queima como gazes
Se eu descesse pro assalto agora ia ser ameaça
O que, fecharam as portas quando eu precisei
Por quê? Negaram emprego quando eu procurei
Nem vem, não tô aqui pra perdoar ninguém
Quem perdoa é cristo e o sistema me pos no xadrez
O sofrimento aqui irmão já basta o meu passado
Se fosse pra contar detalhes tem até espaço
E eu só tenho alguns minutos para te mostrar
O que o crime e o mundão irmão tem pra te dar
Tem arma tem fuga tem droga tem beco
Tem e você lá no meio, sentando o dedo sem medo
Vários mano morrendo, o crime enriquecendo
Marionete parabéns mais uma mãe que chorou no enterro
Se for preciso chorar, não quero que seja a minha
Se for preciso eu me armar, vou proteger minha vida
Se for preciso atirar a bala já tá na agulha
O dedo tá no gatilho, rebelião das ruas
Favela, onde não existe consideração
Cada vacilo é um atalho pro ce ir pro caixão
Aqui, eu aprendi assim
Ninguém me ensinou, eu que me defendi
Moleque feio magrelo com as canelas sujas de barro
E o pé grande me ajudou na fuga depois do grande assalto
O que eu ganhei? Vou te dizer o que eu ganhei
Delegacia, detenção, comecei na FEBEM
Perdi vários parceiros, que defendia as boca
Se iludiram e foram cedo dessa vida loca
Pra minha queda, vários aqui já contam as horas
Se eu morresse para muitos seria uma vitória
O mundo é cruel, em quem vou confiar?
Se eu vejo falsidade, até dentro dos lar
Nas mais belas famílias, nas mais fortes amizades
Os cara entrando em richa, por causa de bobagem
Eu sou o que eu tô falando, eu sou o que eu tô fazendo
Porque eu tô nessa guerra, quem são os meus parceiros?
Eu tô só escrevendo, nem tô cantando em vão
Só quero abrir seu olho, pra sua reflexão
Não tem futuro irmão também passei por essa vida
Graças a deus, no rap eu achei uma saída
Tem uma fita velha, jogada lá no armário
Escrito escadinha, não faça o que eu faço
De lá pra cá, muita coisa aconteceu
Vários saiu do rap, quem não saiu foi eu
E pra fazer história, tô trabalhando bem
Pra no futuro, ser comentado por alguém
Quero meu nome escrito no melhor lugar
E quero meus parceiros também comigo lá
O fardo é pesado mas não vou parar
É só ter paciência a nossa hora vai chegar
Quer um tempo de vitória eu não vou desabafar é
Só o primeiro passo não sei o que tem mais
Porque o passado já não volta mais
E o futuro é você quem faz.