Cabeça baixa, do trampo pra casa,
Carro a milhão, e eu sobre as calçadas,
Relaxa, que isso é fase, passa.
Lutando pra tornar melhor cada dia,
Tenho ódio por dentro, mas ninguém se importa nem com alegria.
Quase todo dia, vi a morte à espreita,
Enquanto uns se preocupa com seita,
Corro diariamente, pra completar a receita,
Sobre as vias, conto vidas e a morte enfeita,
Rap no fone, cara fechada, então os bico respeita.
Sou só mais um, que não quer ser, só mais um nesse mundo,
Sou só mais um, que quer vencer, antes de virar defunto.
No fundo do buso, eu puto, não tô vegetando,
Eu puto, no fundo do buso, histórias se cruzam e eu só observando.
E quando cêh tá sozinho, o dia passa devagar,
A noite também não ajuda minhas frustrações eu superar.
Não posso parar, ninguém corre por mim, poucos correm comigo,
Quase perdi o meu objetivo quando perdi um amigo.
- Sei que ele tá no céu porque o moleque merece,
Sei que falo pouco com Deus, mas quando falo,
Você tá presente em minhas preces!
Jah Bless!
Tento renovar o meu conceito,
Dosando causas e efeitos.
Com receio, como se eu caminhasse sozinho no breu,
Rota confusa, já não sei quem se achou, se perdeu,
Se não mudou ou se vendeu ...
Pra ser sincero, com tantos rótulos, eu já não sei mais nem quem sou eu!
Na beira do abismo, perto do esquecimento,
Tentando ser ouvido, jogo palavras ao vento,
Em meio a tanto cinismo, vivo o meu momento,
Então antes que eu parta,
Ouçam os meus Lamentos!
Na noite fria, não chia, lua cheia sorria,
Pior que droga na veia, a solidão me vicia.
Vim cear, minha última marmita fria,
E eu só queria, PAZ! Há, eu só queria!
E de novo o sol nasce, com ele vem a esperança,
Ruas vazias, talvez o primeiro passo da mudança.
Minha mudança pra cá, vejo coisas semelhantes,
Aqui também tem os mesmos pela-saco de antes.
Acendo um vela, pros Féla, que tão naquela, de querer me sabotar,
Mas Hipocrisia impera, e esses merda,
Não vão na minha cabeça pisar.
Eu sigo com cautela, sem dar trela, pra esses pau-na-lomba,
Que faz da sua mente um cela e diz que meu olho vermelho é de lombra.
Eu vou pela sombra, esperto com as hiena,
E no fim da caminhada, eu que vou rir dos seus problema.
Talvez eu seja mesmo um cara pragmático,
Talvez seja herança da infância de um moleque problemático.
Soldado tático, sei em cada lugar que posso por o pé,
Em um mundo que muitos tem coragem, vontade, mas poucos usam a Fé.
Sei bem qual que é, caminho direto pra Liberdade,
Mas não sei se chego lá, porque atravesso a ponte da falsidade.
A vaidade irá nos matar, a cada passo dado, um segundo perdido,
A cada cigarro acendido, mais um caixão lacrado,
A cada corpo enterrado, minha vida cada vez mais fica sem sentido,
São tantas decepções que não sei mais se tô morto ou vivo.
Na beira do abismo, perto do esquecimento,
Tentando ser ouvido, jogo palavras ao vento,
Em meio a tanto cinismo, vivo o meu momento,
Então antes que eu parta,
Ouçam os meus Lamentos!