Peço perdão aos pretos
Aos pretos peço perdão
Pelo que fizemos aqui
Dentro do seu coração
Peço perdão aos pretos
Aos pretos peço perdão
Pela porta do nunca mais
E um mar de lágrimas
Pelo quarto de engorda
Pela sala de pesagem
Pelos grilhões e açoites
Pelos mortos na pilhagem
Pela vergonha do tráfico
Pela dor da humilhação
Pelos senhores de engenho
E por dom sebastião
Pelos capitães-do-mato
Pelos feitores cruéis
Pelos moleques de quarto
Por estupros nos quartéis
Peço perdão aos pretos
Aos pretos peço perdão
Também por negros negreiros
Algozes e zombeteiros
Pelo canto da chibata
Pelo couro dos negrinhos
Pelo banzo que desata
Pelo horror do pelourinho
Pelos enterrados vivos
Sob pedras, fundações
Por casas-grandes senzalas
Que resistem nas prisões
Pelo ouro e pela cana
Pelas peças de escravos
Por convertermos em avos
O valor da vida humana
Peço perdão aos pretos
Mãe áfrica, peço perdão
E aos negros agradeço
O que nos deram de bom, bom, bom...
“Pizindim, pizindin, pizindin
Era assim que a vovó
Pixinguinha chamava...”
Peço perdão aos pretos
Aos pretos peço perdão
Sua bênção reconheço
Na risada do coração!
Peço perdão aos pretos
Mãe áfrica, peço perdão
Sua bênção reconheço
Na risada do coração!