A fome sofre o tédio da miséria
nutrindo a raiva dos que já não comem.
E, louca, de repente, vira fera
e, fera, se rebela contra os homens.
A fome pune a dor dos inocentes,
revela-se, blasfema e se revolta,
pois arma com punhais o mal que sente
em cada cão raivoso que se solta...
A fome vive a morte da esperança,
e, mesmo, sendo fúria, faz-se mansa
até mostrar de vez os seus caninos.
E quando morde o sonho fere a vida
deixando a inocência enfurecida,
levando o coração ao desatino...
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