Sentada na sacada,
ela mantinha o sorriso preso ao rosto,
com beliscão nos lábios,
e aos prantos seu semblante deixou-se ficar vazio.
Ela sentia a chuva tocar o chão,
como se estas ferissem e arranhassem os ouvidos,
sem sequer ter coerência,
eram fatos perdidos pelo pouco que tentava submergir das águas do próprio oceano. Tão muda no mundo que se entranhava pela escuridão,
simetricamente de um lado e outro
na sua incoerência perfeita e distante
no sorriso curto e de som abafado.
O seu vulto de timidez,
pintado com cor de sangue,
nos olhos que guardavam algum segredo como o Santo graal empoeirado.
Um pouco de pranto,
mas tão grande que não cabia no peito
que quebrava o que era inteiro,
nada sobrando da fronteira que separa os extremos.
Pé sobre pé,
mão sobre mão,
na poeira arenosa quase ironicamente seca,
no céu o brilho da sua leveza se desfaz,
e foge mais,
que tempo tão vazio de pessoas,
e tão cheio de estranhos sentimentos
sob os ossos os segundos calculados não passam mais.
Seus olhos falam com alguma parte enterrada abaixo da superfície,
com um beliscão nos lábios,
o sol parado apontando ao alto,
seu oposto ao lado em que a luz não existe,
e reflete a lua sobre suas águas,
tão clara, pálida, e gélida.
Sentada na sacada ela mantinha o olhar perdido,
enquanto o vento procura se recostar na pele,
abraçando seu corpo ora quente ora frio,
a respiração frágil e inquieta,
enquanto o pranto deixou seu semblante ficar tão vazio de pessoas,
e tão cheio de estranhos sentimentos .
Ela era apenas um ato inacabável,
com as mãos feitas fóssil,
tão intrépidas quanto todo o resto.
Sentindo o gosto ressequido do medo na boca
quase que por perseguição
pelas nuvens que passavam por cima de sua cabeça,
era apenas mais um mito,
um sonho perdido,
podia ser aquela sombra,
sem a luz e sem o vento,
mas lágrima alguma podia preencher o vazio daquela alma ausente,
ela continua sentada na sacada apenas a olhar.